sábado, 6 de novembro de 2010

Não apenas pela data de hoje

Rafael e minha prima Natália

Há exatos 14 anos, enquanto saia do prédio onde morava no centro de Campo Grande, encontrei meu pai que caminhava vagarosamente pela calçada. Ele havia almoçado com minha mãe naquele começo de tarde e comprado algumas coisas que ela precisava pra casa, se é que me lembro bem. Ele voltava pro trabalho enquanto ela seguia pra casa com algumas sacolas a tira colo. Fiquei extremamente contente em encontrá-lo naquela ocasião. Existia um misto de alegria e medo que havia se instalado na minha cabeça alguns meses antes.
"Pai, seu neto nasceu... tô indo pra maternidade vê-lo". Disse apenas isso. Assim, sem pensar se era a forma correta de se dar uma notícia daquela. Ele abriu um sorriso largo e seus olhos ficaram maiores naquele momento. "Corre alí, que sua tá indo embora, alcança ela..." Foi mais ou menos isso que ele disse. Não tenho certeza, mas acredito que seus dois pés saíram do chão enquanto falava aquilo.
Subi na moto, dobrei a esquina e avistei minha mãe na calçada, que caminhava em direção ao ponto de ônibus. Parecia que ela sabia de tudo. Não foi precisei falar quase nada. Era como se eu falasse "mãe, vamos lá, vamos pra maternidade". E foi mais ou menos por aí.
Ninguém na minha família sabia da gravidez da minha ex-namorada. Tínhamos ido à casa dos meus pais uma vez em um almoço de domingo. Mas sua barriga de seis meses não deu pista alguma para os olhos atentos e vorazes da minha mãe e das minhas atenciosas tias. Ela era magra e bonita e, durante a gestação, continuou sendo a mesma garota de dezenove anos, magra e bonita.
A emoção de vê-lo foi indescritível. A emoção de ver minha mãe com aquele brilho estranho nos olhos é ainda mais incrível e impossível de registrar em palavras.
Porém, é uma história bastante complicada, tínhamos nossas diferenças e, de alguma forma, eu precisava pagar um preço. Superados alguns problemas, na última noite de 1996 fui buscá-lo pra passar a virada do ano na casa da minha avó. A numerosa família se reúne na casa da vó Laura pra comer, beber, jogar baralho, (agora também tem bilhar), comer ainda mais, tomar tereré e falar bem e mal uns dos outros, numa festa que eu não costumo perder por qualquer motivo.
Daquela noite em diante minha mãe e meu pai jamais o deixou. Por motivos que não cabem aqui, pelo menos nesse momento, ele permaneceu com a gente.
Hoje ele completa 14 anos. Em seu RG consta como pai, Ademir Muniz Dias. Não sei explicar o porquê, mas ele tem bastante orgulho disso.
Gostamos de andar a cavalo e ficar de bate papo no final da tarde. Ele fala da escola, dos colegas e conta histórias da região. Eu gosto de ouvi-lo, e gosto mais ainda de vê-lo alegre por estarmos conversando. Parabéns filho. Parabéns pela pessoa maravilhosa e querida que você é. E obrigado por fazer essa família ser ainda melhor.

4 comentários:

Klaus disse...

Parabéns pra vocês dois! Eu não acho dificil encarar os motivos que o fazem ter orgulho de ser seu filho. Fiquei emocionada com as tuas palavras, e eu já as tinha ouvido antes, é sempre uma emoção diferente... um beijo!

Paula Klaus

Ademir Muniz disse...

Obrigado Paulinha! beijo pra você também.

Adriana Brunstein disse...

Pra alguma coisa você tinha que servir, né, tranqueira? Lindo o filhão!
Beijo

Ademir Muniz disse...

Dri, ele puxou a mãe. Beijão pra você!